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A sustentabilidade que vai além do lixo

Por Ana Cajado

Juntar canudo, papelzinho e tampa de garrafa é uma atividade diária dos funcionários das barracas, conforme informou a presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro (AEPF), Fátima Queiroz. Segundo ela, as barracas que geram mais de 100 litros de lixo por dia tem sua coleta particular, além da coleta semanal feita pela Prefeitura de Fortaleza.

 

“Grande parte das barracas também já praticam a coleta seletiva, selecionando vidros, plásticos, papéis e papelão. O orgânico não fazemos ainda, mas a grande maioria já fazendo a coleta seletiva, acredito que diminui consideravelmente o impacto no meio ambiente”, opina a presidente. Relatando que a ação de coleta acontece há cerca de dois anos.

 

Fátima, que também é dona da barraca Marulho, revela que a expectativa é de evolução no aspecto ambiental. No seu empreendimento, sempre é ressaltado o quanto os resíduos são prejudiciais através de palestras. “Os funcionários sabem que o lixo é algo que não se pode esquecer nem por um dia! Levamos o cestinho de lixo para perto do cliente para não deixar que se perca um copo, ou canudo. Antes a coleta seletiva era muito difícil, mas hoje vemos que está fluindo”, conta a empresária.

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No ano de 2018, pelo menos cinco ações em prol de uma praia limpa já foi realizada pelos empresários junto aos funcionários, conforme afirmou Fátima. “Dispomos de lixos caracterizados, mais vistosos, e convidamos os clientes para ajudar na causa e coletar o lixo”, revelou. Para ela, os moradores da Praia e frequentadores também devem ajudar.

 

Contudo, segundo o professor adjunto-doutor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, o lixo não pode ser a única questão ambiental que circunda a permanência ou não das barracas. O professor fez parte da elaboração do Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima de Fortaleza, um projeto criado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) com o intuito de aplicar as diretrizes gerais de ordenamento do uso e ocupação da Orla Marítima em escala nacional.

 

Na ocasião, especialistas analisaram a dinâmica costeira, principalmente a dinâmica litorânea da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), além da planície costeira da capital.

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Na opinião de Jeovah, as barracas deveriam sair dos terrenos pertencentes à União, ser em demolidas e a faixa de areia ser completamente disponibilizada para uso público. “As barracas alteram a dinâmica costeira e muito provavelmente vão ser submetidas a processos erosivos, por conta das condições climáticas. Já foi caracterizada a erosão da Praia do Futuro, que há dois anos atrás era a única parte do litoral cearense que não tinha erosão”, argumenta o geógrafo.

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Jeovah explica, ainda, que a área em que as barracas estão é de sistema praial, de domínio das ondas e das marés e que, caso elas continuem no local, os processos erosivos devem intensificar-se a médio e longo prazo.

 

A localização ideal para as barracas, na opinião do geógrafo, é entre as avenidas Zezé Diogo e Dioguinho. Dessa forma, teriam padronização de tamanho, como já aconteceu em outras cidades litorâneas. Jeovah usou como exemplo Salvador, que teve mais de 300 barracas retiradas e a orla ficou “reestruturada, com ampla sustentabilidade e lazer”, opinou.

“Aqui elas utilizam os terrenos da União,  existem impactos de acessibilidade e o mais grave é ocupar áreas que não foram licenciadas nem pelo Ministério da Justiça nem pelo Ministério do Meio Ambiente. Atualmente, as áreas extrapolam e muito aquelas que foram deliberadas”, afirma.

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Praia do Futuro. Foto: Kimilly Fernandes
"Já foi caracterizada a erosão da Praia do Futuro, que há dois anos atrás era a única parte do litoral cearense que não tinha erosão”. Jeovah Meireles
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